Solução eficaz para eliminar formigas na cozinha sem recorrer a insecticidas que são perigosos quando utilizados em superfícies que contactam directamente com os alimentos.
Passar sobre o local onde elas enfileiram um pano embebido em sonasol verde amoniacal.
domingo, 21 de setembro de 2008
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
Nº1
Na travessa das almas existe a casa de todas as fantasias. Tortuosa deixa cada um de nós nos seus extremos desnivelados.
O pátio andaluz-ó-arabe, em cor caladril (para quem não sabe é a cor de um antigo elixir eficaz em qualquer prurido), consegue albergar num pequeno espaço, umas escadas, um palco ainda que modesto e umas arcadas a limitar a área debaixo de telha. Uma das paredes mostra, no 1º andar, um varandim em estilo Romeu e Julieta. Assinalam-se também a presença de umas pedras disformes e meias esquizofrénicas, quer no parapeito de uma das janelas quer a sobressair de uma das paredes. As mesmas confundem os visitantes mais inseguros na medida em que lembram vestígios históricos que se procuraram preservar com muita sabedoria. O gradil com pilastras bojudas, em alvenaria, a cercar a casa de cima desafina, de mais, no todo e tanto quanto se sabe tem os dias contados.
A porta de entrada da casa propriamente dita, expõe vigorosamente os nós da madeira em estilo “pub” sugerindo a inscrição “reservado o direito de admissão”. Logo à entrada avistam-se, através de abertura na parede em estilo janelinha (desnecessária), umas escadas de mármore que sobem e desaparecem ao curvar para a direita. Não são muito felizes mas é por elas que vou para o meu quarto.
De frente para as ditas e descaindo ligeiramente o olhar para a direita abre-se o espaço da cozinha e o único da casa que fica à cota do pátio. A zona de trabalho culinário, com iluminação a partir de focos direccionados, desenvolve-se para além de uma bancada de laboratório de química encimada por uma pedra preta sumptuosa. Essa sim de verdadeiro cariz cultural pelo que testemunhou, no lombo, em experiências analíticas, em prol, do saber cientifico. Do lado de cá, uma mesa redonda de mármore branco faz o convívio dos residentes, sobretudo sob a luz da manhã estreitada por uma pequena janela. Não muito distante dela, o louceiro de Melgaço demonstra as nossas raízes minhotas. Hoje, no sul, vive em azáfama permanente tal é o atafulhanço por dentro e por fora. Muitas vezes socorre-se da mesinha de chá que a ladeia porque há limites para tudo. O chão oleia qualquer olhadela por mais breve que seja e aguarda resolução urgente.
Admitindo a cozinha como o corpo principal de uma árvore podemos subir e descer para conhecer os respectivos braços e ramos. Um dos braços sobe para o quarto K. Equipado no estilo único do seu principal residente apresenta-se sem espaço útil de passagem. Conta com tudo e mais umas botas, inclusivamente com o melhor Hi Fi da casa o que não dá jeito nenhum considerando que a propagação das ondas sonoras enfraquece com a distância. Um outro braço serve-se das escadas de mármore e eleva-se até ao 1º andar dando origem ao quarto M. Pouco mais do que uma cama, uma mesa e uma cadeira. Neste o maior problema reside na dimensão da cama que não confere em medidas com o colchão do norte deixando de ambos os lados fossos extremamente perigosos.
Um terceiro braço desce (sem corrimão) para o salão grande e deixa avistar um leque gigantesco em madeira. Neste espaço perdem-se os móveis e dois sofás. Estes últimos devidamente direccionados para um nicho ridículo na parede que alberga a TV e uma aparelhagem de som “velha” que já na casa de Faro não funcionava bem. O chão de tijoleira é bonito e de fácil manutenção já que as irregularidades disfarçam bem areias e pêlos de cão (principalmente pelagem preta e raça cão de água). O maior dos seus problemas é que vê e deseja-se para admitir o fumo cuspido da salamandra, num dos seus cantos.
Uma outra divisão afunda ao lado do salão e presta-se a pouco mais do que uma mesa e meia dúzia de cadeiras. É toda forrada a madeira pintada de branco com mais um nicho na parede (quem teria esta mania dos nichos ainda gostava eu de saber). Faz lembrar uma salinha de chá. A serventia é pouca de Verão, no Inverno é onde se recebem as visitas para jantar.
Do salão desenvolve-se ainda um outro ramo que novamente a descer vai dar ao quarto da Avó Neste é possível ouvir o ranger da mobília de quarto do norte, das camas modernas das netas e o ressonar de todas.
A casa das máquinas e de arrumos em geral não tem nada de especial a não ser os kilos de chinelos de borracha (entre o 34 e o 43) que ficam lá esquecidos de um ano para o outro.
As casas de banho, a rematar cada quarto são todas inoperantes. Isto deve-se ao destempero da água que avança, amarela e fria nos canos, resistindo corajosamente diante de um esquentador que se diz inteligente. Perante o volume de queixas esta situação também está em consideração a breve trecho.
A topografia, a mistura de géneros e móveis que fomos arrastando daqui e dali é tão completamente delirante quanto encantadora.
Um exemplo de liberdade e tolerância.
O pátio andaluz-ó-arabe, em cor caladril (para quem não sabe é a cor de um antigo elixir eficaz em qualquer prurido), consegue albergar num pequeno espaço, umas escadas, um palco ainda que modesto e umas arcadas a limitar a área debaixo de telha. Uma das paredes mostra, no 1º andar, um varandim em estilo Romeu e Julieta. Assinalam-se também a presença de umas pedras disformes e meias esquizofrénicas, quer no parapeito de uma das janelas quer a sobressair de uma das paredes. As mesmas confundem os visitantes mais inseguros na medida em que lembram vestígios históricos que se procuraram preservar com muita sabedoria. O gradil com pilastras bojudas, em alvenaria, a cercar a casa de cima desafina, de mais, no todo e tanto quanto se sabe tem os dias contados.
A porta de entrada da casa propriamente dita, expõe vigorosamente os nós da madeira em estilo “pub” sugerindo a inscrição “reservado o direito de admissão”. Logo à entrada avistam-se, através de abertura na parede em estilo janelinha (desnecessária), umas escadas de mármore que sobem e desaparecem ao curvar para a direita. Não são muito felizes mas é por elas que vou para o meu quarto.
De frente para as ditas e descaindo ligeiramente o olhar para a direita abre-se o espaço da cozinha e o único da casa que fica à cota do pátio. A zona de trabalho culinário, com iluminação a partir de focos direccionados, desenvolve-se para além de uma bancada de laboratório de química encimada por uma pedra preta sumptuosa. Essa sim de verdadeiro cariz cultural pelo que testemunhou, no lombo, em experiências analíticas, em prol, do saber cientifico. Do lado de cá, uma mesa redonda de mármore branco faz o convívio dos residentes, sobretudo sob a luz da manhã estreitada por uma pequena janela. Não muito distante dela, o louceiro de Melgaço demonstra as nossas raízes minhotas. Hoje, no sul, vive em azáfama permanente tal é o atafulhanço por dentro e por fora. Muitas vezes socorre-se da mesinha de chá que a ladeia porque há limites para tudo. O chão oleia qualquer olhadela por mais breve que seja e aguarda resolução urgente.
Admitindo a cozinha como o corpo principal de uma árvore podemos subir e descer para conhecer os respectivos braços e ramos. Um dos braços sobe para o quarto K. Equipado no estilo único do seu principal residente apresenta-se sem espaço útil de passagem. Conta com tudo e mais umas botas, inclusivamente com o melhor Hi Fi da casa o que não dá jeito nenhum considerando que a propagação das ondas sonoras enfraquece com a distância. Um outro braço serve-se das escadas de mármore e eleva-se até ao 1º andar dando origem ao quarto M. Pouco mais do que uma cama, uma mesa e uma cadeira. Neste o maior problema reside na dimensão da cama que não confere em medidas com o colchão do norte deixando de ambos os lados fossos extremamente perigosos.
Um terceiro braço desce (sem corrimão) para o salão grande e deixa avistar um leque gigantesco em madeira. Neste espaço perdem-se os móveis e dois sofás. Estes últimos devidamente direccionados para um nicho ridículo na parede que alberga a TV e uma aparelhagem de som “velha” que já na casa de Faro não funcionava bem. O chão de tijoleira é bonito e de fácil manutenção já que as irregularidades disfarçam bem areias e pêlos de cão (principalmente pelagem preta e raça cão de água). O maior dos seus problemas é que vê e deseja-se para admitir o fumo cuspido da salamandra, num dos seus cantos.
Uma outra divisão afunda ao lado do salão e presta-se a pouco mais do que uma mesa e meia dúzia de cadeiras. É toda forrada a madeira pintada de branco com mais um nicho na parede (quem teria esta mania dos nichos ainda gostava eu de saber). Faz lembrar uma salinha de chá. A serventia é pouca de Verão, no Inverno é onde se recebem as visitas para jantar.
Do salão desenvolve-se ainda um outro ramo que novamente a descer vai dar ao quarto da Avó Neste é possível ouvir o ranger da mobília de quarto do norte, das camas modernas das netas e o ressonar de todas.
A casa das máquinas e de arrumos em geral não tem nada de especial a não ser os kilos de chinelos de borracha (entre o 34 e o 43) que ficam lá esquecidos de um ano para o outro.
As casas de banho, a rematar cada quarto são todas inoperantes. Isto deve-se ao destempero da água que avança, amarela e fria nos canos, resistindo corajosamente diante de um esquentador que se diz inteligente. Perante o volume de queixas esta situação também está em consideração a breve trecho.
A topografia, a mistura de géneros e móveis que fomos arrastando daqui e dali é tão completamente delirante quanto encantadora.
Um exemplo de liberdade e tolerância.
quarta-feira, 3 de setembro de 2008
Malcolm Chazal
1
Todas
As cavernas
Tossiram neste inverno.
2
A última
Sensação
Do enforcado
É
Que lhe
Arrancaram
Os pés.
3
A sombra
É
A mala
Do espaço.
4
A água no dique
Tinha
Gestos
De hipopótamo.
5
Cada
Pássaro
Tem a cor
Do seu grito.
6
O ovo
Todo
Queixos.
7
Fazia Calor.
A chuva
Deixou
Cair
As calças.
8
Os animais
Sorriem
Quando
Bebem.
9
O horizonte
Nunca
Dá um passo
A mais.
10
A água
Nunca
Deu
Um buraco
Total.
11
O remorso
Sui
Cidou-se.
12
Os
Burgueses
Não conseguiram
Nunca
Emburguesar
O
Penico.
13
O boi
julga-se
Mosca
Quando
O picam.
14
Os homens
Crúeis
São
Um pouco
Palhaços.
15
Sua mais bela desordem
Eram as coxas.
16
A pedra fica surda
Quando é batida.
17
Nos quadros
Cubistas
A luz
Joga
Ao loto.
18
Os pássaros
Presas do medo
Quando voam
Têm o ar
De nadar.
19
O clarim
É o galo
Que ultrapassou
Seu próprio
Grito.
20
Rir c
Contrariado
Põe
O dente
Magro.
citado in "Uma coisa em forma de assim" Alexandre O'Neill, p.39. Assírio & Alvim
Todas
As cavernas
Tossiram neste inverno.
2
A última
Sensação
Do enforcado
É
Que lhe
Arrancaram
Os pés.
3
A sombra
É
A mala
Do espaço.
4
A água no dique
Tinha
Gestos
De hipopótamo.
5
Cada
Pássaro
Tem a cor
Do seu grito.
6
O ovo
Todo
Queixos.
7
Fazia Calor.
A chuva
Deixou
Cair
As calças.
8
Os animais
Sorriem
Quando
Bebem.
9
O horizonte
Nunca
Dá um passo
A mais.
10
A água
Nunca
Deu
Um buraco
Total.
11
O remorso
Sui
Cidou-se.
12
Os
Burgueses
Não conseguiram
Nunca
Emburguesar
O
Penico.
13
O boi
julga-se
Mosca
Quando
O picam.
14
Os homens
Crúeis
São
Um pouco
Palhaços.
15
Sua mais bela desordem
Eram as coxas.
16
A pedra fica surda
Quando é batida.
17
Nos quadros
Cubistas
A luz
Joga
Ao loto.
18
Os pássaros
Presas do medo
Quando voam
Têm o ar
De nadar.
19
O clarim
É o galo
Que ultrapassou
Seu próprio
Grito.
20
Rir c
Contrariado
Põe
O dente
Magro.
citado in "Uma coisa em forma de assim" Alexandre O'Neill, p.39. Assírio & Alvim
Subscrever:
Mensagens (Atom)