quinta-feira, 25 de agosto de 2011

submitted paper Agosto 2011

Introdução
As crises vitais fazem parte de todo o nosso percurso enquanto seres humanos. Podem instalar-se em todas as etapas da vida e normalmente são vulgarmente conhecidas por fases de merda. Indecisão doentia ao nível das questões práticas do dia a dia (o chamado falso Alzheimer), cabeça quente e pés frios são igualmente sintomas referidos. A incapacidade de fazer uma simples sobremesa de gelatina tem sido visto por muitos como um último sinal de alerta. Na tentativa de sair deste estado um dos erros frequentes é pensar que se consegue pensar. Por vezes pode até chegar-se a pensar um bocadinho, no entanto, o resultado dessas meditações aparentes aponta normalmente para sentidos sem sentido nenhum.
Com o objectivo de ultrapassar a dita fase foi utilizada uma metodologia multi alvo, sem recurso à ingestão de químicos tanto quanto possível.

Palavras-chave: confusão, sentimento de perda, alergia aguda às férias do costume

Material & Métodos
Um quarto e uma dispensa para remodelar, textos, bolachas, chás, livros, histórias antigas, histórias recentes, inutilidades do ikeia, café, palavras, aspirador, painel de policarbonato modular cristal 2000 x 500, panos velhos, gargalhadas, roupa, almofadas, perfis para segurar o painel de policarbonato modular cristal 2000 x 500, aparafusador eléctrico, enganos, estantes Billy (de qualquer tamanho) e muitos detergentes. Todo este material foi partilhado diariamente com duas amigas. De seguida, limpou-se e arrumou-se repetidamente, tantas vezes quantas as necessárias até clarear a mente, organizar as ideias e, em última análise as assoalhadas mencionadas.

Resultados (sem) discussão
A luz circulou de forma mais fluída, surgiram sombras novas, as cores alteraram-se e a pressão foi baixando lentamente. As noites decorreram calmas. Ganhou-se, aos poucos, a vontade de ir à praia e sabia-se com exactidão onde estavam os fatos de banho.

Conclusão
"Ficar estranho à vida favorece a vida"1

Bibliografia
(1)Agustina Bessa-Luís. Aforismos. Lisboa: Guimarães Editores, 1988

Agradecimentos
Às minhas queridas amigas Leonor e São.