domingo, 20 de junho de 2010

Tantra parvoíce

Quando demos por nós estávamos sem grandes hesitações na 1ª aula. Apesar de alguma capacidade de previsão foi surpreendente.
O prédio estava facilmente à nossa espera. O mesmo não se pôde dizer do acesso ao andar já que o destino nos fez errar no elevador que só dava entrada pelos fundos da casa. Como estávamos ligeiramente atrasadas pressionamos a senhora do staff que insistentemente barrava a nossa entrada. Pelo que dizia fazia crer que iríamos passar por cima de corpos meditabundos em êxtase. A simpatia não foi muita e de repente fomos empurradas para um corredor a receber ordens impacientes para nos descalçarmos. Pusemos os sapatos numa sapateira cujas prateleiras desconjuntadas mostravam muitos sapatos desconhecidos. A meio do corredor existia uma outra estante para pormos as malas e, ainda, noutro extremo da casa uma sala mal-amanhada. Mais estantes, da mesma família das anteriores e dois biombos quase encostados à parede serviam de vestiário. Minutos mais tarde vimo-nos em meios fatos de treino, eu de chinelos de enfiar o dedo e a Mrg. de meias, com os pertences completamente espalhados numa casa completamente desconhecida.
E foi assim que entrámos na sala de aula. Já estavam todas sentadas no chão, as outras duas colegas e a mestra. Como já ia para a 3ª pessoa do staff de calças brancas e T-shirt laranja apercebi-me que a aquela seria a indumentária da escola.... Fiquei algo mais descansada porque no meio daquilo tudo foi a primeira coisa a fazer algum sentido.
A mestra um ser franzino e de aparência meio oriental começou a botar faladura num português arrevesado a dizer os verbos no infinitivo e a trocar os géneros das palavras. Nestas aprendizagens meio exotéricas (pelos vistos) até que um toque diferente poderá não ficar mal para compor alguma solenidade. Por exemplo, não teria metade da credibilidade ouvir um apresentador de circo a falar normalmente em lugar de adoptar aquele sotaque idiota do palhaço rico.
Bom, coisa e tal lá começámos com as apresentações e, solicitadas para o efeito, a descrever as motivações que nos tinham levado até ali. A amplitude foi, desde o conhecimento mais aprofundado da prática do yoga até à aceitação da morte!
Seguiu-se a apresentação de umas tantas posturas que copiámos (na maioria das vezes com dificuldade) sempre relacionados a mil benefícios para a saúde física e mental. Ficámos ainda a saber que todo este conhecimento milenar teve origem num tal Chivas e colegas que há 7 mil anos resolveram distintos problemas nas mais diversas áreas da patologia humana, pela simples observação da natureza. Isto faz-me pensar se ele não terá lido qualquer coisa de Aristóteles, mas entretanto não disse nada. Em suma a indisposição relativamente à medicina convencional (a que costumamos socorrermo-nos quando estamos mesmo doentes) é natural uma vez que continuou arrogante desde os tempos mais remotos nas suas insistentes pesquisas. Para além disso serviu-se e continua a servir-se de muitos milhares de Chivas e de métodos progressivamente mais dispendiosos em lugar da observação poética da biodiversidade animal.
Rematámos ainda com a apresentação de outros tantos cursos que se frequentados em simultâneo davam origem a descontos e entradas grátis na sala de meditação. Nãooooo......