O tempo encolhe-se todo quando sabe que precisamos dele.
Sabendo eu que preciso de me dedicar, com tempo, ao meu trabalho no milionésimo de segundo seguinte penso logo “nos tempos” que necessito para ler, para estar com as miúdas e assim e assim. E, depois, sou capaz de ocupar o tempo, em nenhuma destas coisas, e andar nas chamadas arrumações. É o que tenho feito nos últimos tempos. Estar para aqui a escrever isto, em vez de me debruçar sobre as vias metabólicas que determinam o prazo de validade do objecto do meu estudo, é o exemplo mais dramático.
Se o dia tivesse mais horas tenho a nítida sensação que me dedicaria arduamente às limpezas.
Preguiça doentia? Não anulando esta hipótese, concluo que a mesma convive bem, porque persiste, com a consciência de si própria e da sua falta de efectividade.
Esta fase (chamada fase de merda) necessita do tempo que resolve. Socorro-me outra vez do saber popular, que no estado em que me encontro é a minha grande referência.
O tempo dilui, o tempo resolve, o tempo foge. Os prazos necessitam de tempo mas nos finais dos mesmos é que o tempo é mais tempo. O tempo está nebuloso e não deixa ver e grita por bom tempo. O tempo está bom quando o céu está limpo. O tempo é sábio porque sabe que mais tarde ou mais cedo explica tudo. O tempo tem as costas largas. O tempo é de todos nós porque todos nós falamos do “nosso tempo” com carinho. O tempo nem sempre é mensurável na unidade de tempo, porque quando não há tempo não significa que não houve uma quantidade razoável de minutos para gastar. Eu sei que há dois tempos, mas o que se traduz em minutos não é temperamental e não é desse que me está a faltar. Claro que o tempo certinho não larga o tempo emotivo e é neste confronto de personalidades antagónicas que as coisas se complicam. Já me esquecia, o tempo é dinheiro.
Para me proteger um bocado não uso relógio.
Sem comentários:
Enviar um comentário