Data inicialmente prevista: Final de Maio.
Data com uma previsão a 12 horas de viagem: qualquer coisa como Setembro (desvio perfeitamente aceitável)
Conferir:
- CD’s de música
- Garrafa de água (litro e meio)
- Telemóvel (não esquecer de carregar bateria)
- Encher a mala amarela de ração e levar alguidar azul para comida da Lála
- Mapa de estradas (não me vá dar um ataque súbito de Alzeimer)
- Luvas sem dedos (as novas)
- O saco das “coisas” (roupa em geral e equipamento de futebol em particular).
- O poema (anexo_1) para ler quando for necessário parar para a Lála comer e dar os saltinhos da ordem.
- Promessa de voltar DEPRESSA (mesmo que o arquitecto não precise de mim, vá-se lá saber quando precisará e mais sabendo como estes assuntos são demorados!...).
- Telefonar a dizer que cheguei bem (independentemente da hora da chegada).
ANEXO_1: Poema de C. Drumond de Andrade “O Homem; As viagens”
O homem, bicho da Terra tão pequeno
chateia-se na terra
lugar de muita miséria e pouca diversão,
faz um foguete, uma cápsula, um módulo
toca para a Lua
pisa na Lua
planta badeirola na Lua
experimenta a Lua
coloniza a Lua
civiliza a Lua
humaniza a Lua.
Lua humanizada: tão igual à Terra.
O homem chateia-se na Lua.
Vamos para Marte – ordena a suas máquinas.
Elas obedecem, o homem desce em Marte
pisa em Marte
experimenta
coloniza
civiliza
humaniza Marte com engenho e arte.
Marte humanizado que lugar quadrado.
Vamos a outra parte?
Claro – diz o engenho
sofisticado e dócil.
Vamos a Vénus.
O homem põe o pé em Vénus
vê o visto – é isto?
idem
idem
idem.
O homem funde a cuca se não for a Jípiter
proclamar justiça junto com injustiça
repetir a fossa
repetir o inquieto
repetitório.
Outros planetas restam para outras colónias.
O espaço todo vira Terra-a-terra.
O homem chega ao Sol ou dá uma volta
só para tever?
Não-vê que ele inventa
Roupa insiferável de viver no Sol.
Põe o pé e:
Mas que chato é o Sol, falso touro
espanhol domado.
Restam outros sistemas fora do solar a col-
onizar.
Ao acabarem todos
só resta ao homem
(estará equipado?)
a dificílima dangerosíssima viagem
de si a si mesmo:
pôr o pé no chão
do seu coração
experimentar
colonizar
civilizar
humanizar
o homem
descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
a perene, insuspeitada alegria de con-viver.
2 comentários:
palpita-me que o autor da lista, isto é, o viajante, se esqueceu da lista, por cá, vocês encontraram-na, riram que se fartaram e tu agora pimba, colocas a dita na blogoesfera...
sinto a falta de notícias. que portas anda a abremarta a abrir? e o que é que lá encontra dentro?
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